Depressão e Apoio Familiar

Lidar com a depressão não é uma tarefa muito fácil, quem passa por este problema sabe muito bem como é isto.

Mas existem coisas que devemos conhecer para lidar com alguém que esteja com depressão. Podemos, através da fala, amenizar ou agravar os sintomas.

É importante saber disto pois certamente iremos nos deparar com alguém que esteja passando por este problema.

A depressão é uma doença. Está devidamente catalogada no CID (Código Internacional de Doenças). Então se a OMS (Organização Mundial de Saúde) considera a depressão como doença, que direito nós (sem conhecimento de causa) temos de dizer o contrário?

Para quem quiser certificar, basta observar o código F32 do CID (está disponível no site http://www2.datasus.gov.br/cid10/V2008/cid10.htm). Trata exclusivamente da depressão e seus graus.

Esta doença é séria e incapacitante. Então se você está lidando com alguém que passa por este transtorno, tenha isto em mente.

Dependendo do tempo de exposição a doença é necessário entrar com medicamentos, que visam normalizar ou dar algum conforto para quem passa por isto.

Mas somente o medicamento não resolve a depressão, visto que sua causa foi psíquica. Então é fundamental fazer terapia. O remédio traz alívio, mas não cura. A cura acontece numa atuação conjunta entre o psiquiatra e o psicólogo. Em alguns casos é necessário o apoio de um Terapeuta Ocupacional e nutricionista.

Não é “frescura”. A pessoa que se mostra depressiva não está apenas querendo chamar atenção e inventando os sintomas. Falar isto, principalmente com quem sofre, é uma maneira de agravar o mal que a pessoa sente, pois ela se sentirá culpada por não conseguir sair do processo em que se encontra.

Não é falta de Deus ou de religião. A depressão acontece por inúmeros fatores, inclusive em religiosos (padres, pastores, líderes religiosos, etc). Falar isto com quem sofre também agrava seus sintomas e até dificulta o tratamento.

Não é sinal de fraqueza. Ninguém está imune a uma crise depressiva, já que o início de tudo acontece na mente, qualquer um está sujeito a passar por isto.

Não é falta de vontade de sair desta situação. Pergunte a qualquer pessoa que tenha depressão se ela quer deixar de ter e vai ouvir um sonoro “SIM”. A pessoa está em sofrimento, portanto, é óbvio que quer parar de sofrer.

Não é falta de esforço para sair desta situação. A pessoa simplesmente não consegue por estar envolvida neste problema.

O que podemos fazer, para lidar com alguém passando por este problema é:

Procure manter a calma. É um momento difícil e muito confuso (principalmente para quem sofre). Desesperar-se não vai ajudar em absolutamente nada.

Não se coloque como referência de comportamento. Não descreva algo que aconteceu e que você lidou muito bem (ou nem lhe afetou) na esperança disto servir como exemplo. Não vai funcionar e só vai distanciar ainda mais. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra, cada um responde de forma única aos sofrimentos.

O diálogo é muito importante, portanto, é bom estar atento para não somente falar, ouça também. Aliás, o ouvir é bem mais importante. Preste atenção no que a pessoa está dizendo e responda dentro do contexto proposto. Isto é um diálogo.

Um bom caminho é encorajar a pessoa pensar em si própria e no seu futuro, seus objetivos e seus desejos. Normalmente produz a vontade de chegar até isto.

Não tenha pressa e não mostre que está impaciente. Esteja presente neste momento, isto é bem mais importante do que qualquer compromisso.

Não negue ou minimize o problema. O sofrimento existe e só quem sabe a intensidade é quem está vivendo o problema. É bom lembrar que a cada pessoa tem uma sensibilidade para a dor (a mesma dor em duas pessoas produzem sensações e intensidades diferentes). Respeite a dor do outro. Este não é o momento apropriado para sermões e brigas. Se não tem o que dizer, simplesmente fique em silêncio, mas permaneça com a pessoa (isto é parte do acolhimento).

Muitas vezes quem passa por um quadro depressivo é muito difícil procurar ajuda, por isto muito não procuram. Ajude a pessoa a procurar ajuda, marque compromissos neste sentido e acompanhe a pessoa até onde for necessário para que a ajuda aconteça. Isto é dividir os problemas. Com certeza a pessoa se sentirá acolhida neste momento.

Por fim, o momento é de ajuda ao outro (que passa pela depressão), portanto, silencie seus problemas. Evite fazer reclamações e tente manter um diálogo positivo. Isto torna a relação e o encontro leves. É uma das coisas que o depressivo precisa.

Lembre-se que ninguém é capaz de afirmar que nunca irá sofrer com depressão. Então amanhã pode ser qualquer um de nós e aí nós é quem vamos precisar destes cuidados vindos de outra pessoa.

Terapia é Muito Caro!

Há quem pense assim. Mas vou propor outra linha de pensamento.

Pode ser que esteja fora do meu orçamento, mas caro? Acredito que não!

Penso que caro mesmo é sustentar um vício (já fizeram as contas?). Outra coisa cara é remédio psiquiátrico (sem contar com a degradação da saúde mental). Mais uma coisa muito cara é o relacionamento estragado por coisas que são perfeitamente contornáveis e controláveis por quem está com a terapia em dia. Caro também é o tempo perdido com inúmeras coisas que nem precisavam de nossa atenção.

O psicólogo é um profissional que te escuta, sem te julgar e no mais absoluto sigilo. Além de te ajudar a encontrar o caminho do equilíbrio.

Então, terapia não é caro.

Existem profissionais que tem mais experiência e profissionais que tem menos experiência. E aí existem diferenças de preço.

Vai encontrar psicólogo que cobra R$20,00 por sessão e vai encontrar psicólogo que cobra R$500,00 por sessão. Qual deles é o indicado? Não sei indicar pelo preço da sessão. Mas sempre desconfio de extremos. No extremo inferior o profissional normalmente é sobrecarregado. Há uma chance de não haver uma dedicação tão boa. No extremo superior o profissional pode ter um público alvo específico. Mas em ambos os casos podem haver excelentes profissionais.

O CRP/MG (Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais) sugere o preço de R$240,00 por sessão. Então valores que estão próximos desta sugestão eu considero justo.

Se você não tem recursos fincanceiros para valores próximos destes, existem opções de baixo custo (e até gratuitas). As universidades normalmente possuem uma clínica que atendem nestas condições. Apesar do atendimento ser feito por estagiários a qualidade é satisfatória. O único problema é a troca constante de terapeuta (o terapeuta que te atende num semestre dificilmente será outro que te atenderá no outro semestre).

Antes de dizer que terapia é caro, pergunte-se quanto custa passar por um transtorno de ansiedade ou depressão, ou quanto custa ter um comportamento agressivo a ponto de afastar todos de você, ou mesmo quanto custo ser obrigado a usar remédios psiquiátricos para manter sua saúde mental (deteriorada) em um pálido equilíbrio.

Tenho certeza que o custo é bem maior!

Faça terapia!

Despertar da Consciência

Está muito comum dizer que buscamos autoconhecimento. Tão comum que está a beira da banalização. Mas a maioria das pessoas que dizem que estão no processo de autoconhecimento, falam de algo que não praticam, pois a referência que possuem é de algo lindo, bonito e prazeroso.

Vamos à realidade?

O processo de autoconhecimento não tem nada de agradável, muito pelo contrário. É doloroso, sofrido e (em algumas situações) nos da uma sensação de derrota. O autoconhecimento nos mostra o quão longe ainda estamos de uma “purificação”. Nos coloca no nosso devido lugar, mostrando que não somos exatamente “a última coca-cola do deserto”.

Este processo expõe, de forma contundente, os nossos mais guardados defeitos e que necessitam de nossa atenção.

Com isto não são todas as pessoas que estão dispostas a isto. Raras são as pessoas interessadas em revirar o baú de nossas dificuldades procurando, efetivamente, resolver as pendências.

Mas eu tenho de concordar que os resultados são (sim) prazerosos. Quando nos deparamos com uma questão já resolvida, vemos nossas que reações são completamente diferentes de outros tempos. É muito bom ver isto. E quem nos vê com este resultado até acha que somos evoluídos e que somos fortes para muita coisa, sem fazer ideia do quanto foi sofrida esta conquista.

O mais interessante é que quando iniciamos neste processo é um caminho sem volta, porque enxergamos o que precisamos ser e ainda não somos (por responsabilidade inteiramente nossa). E aí ficamos envoltos neste processo durante o resto de nossas vidas. Sim, além de ser um caminho sem volta é um caminho sem fim. Sempre teremos algo para melhorar (ou questões/situações a resolver).

Existem inúmeras formas de iniciar e de dar prosseguimento neste processo. Há quem inicie com terapia, há quem inicie numa religião, há quem inicie com meditações (entre tantas outras formas). A continuidade pode acontecer com tudo isto ao mesmo tempo. O importante é se manter no processo, sempre buscando o que fazer em prol de si mesmo.

A busca se torna incessante. E cada vez vamos mais fundo.

Vamos nesta viagem? Faça suas malas, aperte o cinto… Tem um caminho longo para ser percorrido.

Este é um tema que sempre haverá muito o que falar. Então, de tempos em tempos, voltaremos nele, com outras nuances.

Qual a sua conexão?

Estamos imersos num grande mar de energias, oriundas das mais diversas fontes, dos mais diversos teores, das mais diversas qualidades.

Energias afins se atraem. Isto é um fato. Para comprovar isto basta avaliarmos a quem nos sentimos atraídos (para além do físico). Em muitas vezes nem sabemos o motivo, mas nos sentimos atraídos por esta ou aquela pessoa. O contrário também acontece, quando (sem nenhuma explicação plausível) não sentimos afinidade com determinadas pessoas. Traduzindo isto, nos sentimos atraídos ou não pelo padrão de energia que a pessoa emite.

Até aqui eu fiz referência a pessoas. Mas vai muito mais além do que isto.

Lugares também tem a sua energia. Existem lugares aos quais nos sentimos bem e existem lugares que nos sentimos mal. Conversas (ou assuntos) são energias que as pessoas emitem, então é comum não nos sentirmos bem com determinados assuntos. As vezes temos afinidade com alguém, mas em determinado momento esta pessoa inicia um assunto que nos é desagradável, passamos a repelir o assunto. Ou, se mesmo percebendo o desagrado, insistimos em receber esta energia, inicia-se um processo de proteção (inconsciente) para nos livrar daquilo (ou nos afastar do lugar, ou mudar o assunto). Este processo pode gerar reações físicas no corpo, como tonteiras, dores de cabeça, náuseas, diarréias. Não significa que todas as vezes que sentir um destes sintomas é porque estou em meio a uma energia que não tenho afinidade.

É possível estar num lugar onde não temos afinidade e, ainda assim, permanecermos íntegros? A resposta é: Sim! Podemos criar situações onde naturalmente repelimos aquilo que não nos faz bem sem criar nenhum transtorno. Mas se puder evitar, com certeza, é melhor.

Até agora estamos nos referindo a nossa afinidade com as energias que nos circundam. Mas podemos ir mais a fundo, que é o objetivo aqui.

É comum criarmos conexões com estas energias que nos circundam de forma que passamos a absorvê-las. Vira uma “retro-alimentação”, pois ao mesmo tempo em que eu crio energias de um determinado teor, consumo energias de igual teor.

Quer saber quais as energias costuma criar? É bem simples. Basta examinar quais são as reações que tomamos sem pensar. Quando alguma coisa acontece, reagimos no impulso, sem o raciocínio. Este é o nosso instinto. Avalie o teor de seus instintos e vai conseguir determinar o que você realmente atrai para si.

Obviamente isto é possível de ser mudado. Requer treino, como tudo na vida. Mágicas só acontecem em contos de fadas, na vida real é necessário treinar nossas reações. Inicialmente é tomar consiência do que realmente queremos para nossa vida. E a partir disto mudar nossas reações, mesmo que tardiamente, mesmo que de forma mecânica. Mas fazer algo diferente.

Se a nossa reação instintiva é sempre atacar quando somos ofendidos, é necessário realizar um esforço para transformar esta reação em algo mais positivo. Ao sermos atacados é só não revidar. Sei que isto não é uma tarefa fácil de ser feita, mas é possível. E é claro que nas primeiras vezes que isto acontecer ainda iremos revidar, mas assim que o nosso racional tomar o controle, iremos silenciar. A mudança pode ser lenta, mas é importante que seja feita.

Este foi apenas um exemplo, dentre tantos outros.

E existe um comportamento que não é tão contundente quanto a um revide de uma ofensa, mas é tão prejudicial quanto. E então, neste momento, convido a quem esteja lendo, a avaliar as suas conexões voluntárias. Estas conexões são realizadas sempre que fazemos uma afirmação. Exemplos:

  • Minha vida é muito difícil!
  • Nunca tenho dinheiro!
  • Pra mim nada é fácil!
  • Na minha vida tudo dá errado!
  • Sou pobre e não tenho condições para isto!
  • Tá tão bom que a qualquer momento vai acontecer alguma coisa ruim!
  • Nunca ganho nada!

Existem inúmeras afirmações. Mas estes são alguns exemplos.

Quando alguém diz algo assim, em que ela está conectando? Quando afirmo que minha vida é difícil, estou me conectando na dificuldade. O que vou atrair? Mais dificuldades! Quando afirmo que nada na minha vida dá certo, atraio todas as situações para atrapalhar minha vida. E assim por diante.

Ao passo que se eu silenciar estas afirmações já é um ganho enorme. Mas eu posso fazer mais. Eu posso conectar na boa energia. Toda situação que nos acontece tem um lado positivo. Por que não me ligar a este lado positivo? É a melhor forma de atrair a positividade. Ao invés de dizer que minha vida é muito difícil, posso dizer que sento feliz por estar conseguindo vencer as dificuldades.

Inicialmente o trabalho é modificar as frases que falamos. Depois passamos a treinar mudar os pensamentos que originam tais frases, porque podemos até não pronunciar mais as frases, mas ainda estamos criando a energia delas. Mas é assim, devagar, que vamos conseguindo nos modificar.

Quanto mais geramos energia boa, mais atraímos energia boa. Quanto mais energia positiva nós gerarmos, mais energias positivas iremos atrair.

A pergunta que deu início a este texto ainda é válida: “Qual a sua conexão?”.

Preciso de terapia. E agora?

Se você é capaz de fazer esta afirmação, já é um excelente sinal. A maioria das pessoas que precisa de terapia não reconhece a necessidade. Na maioria das vezes não procura tratamento e, quando o faz, é por outro motivo alheio a sua própria vontade.

Inicialmente é interessante entender do que se trata a terapia. Considere, acima de tudo, que a terapia é um momento seu (somente seu). Onde você poderá ser você mesmo, sem filtros, sem “amarras”. É um momento em que não será (sob hipótese alguma) julgado pelo que você é ou pelos seus comportamentos. Estará em contato com alguém que não está interessado em fazer juízo de valor. Ao contrário, estará em contato com uma pessoa que quer, única e simplesmente, o seu bem-estar, respeitando integralmente a sua história de vida. Além de ser um local seguro, pois o que é falado no ambiente terapêutico jamais será divulgado.

Contrariando o que muita gente acredita, psicólogo não é para “doido”. É para pessoas que querem tratamento de alguma situação incômoda ou que querem o caminho do autoconhecimento. Então deixe de lado o preconceito e comece a procura por um profissional que possa te auxiliar naquilo que você precisa.

Incialmente a recomendação é procurar um psicólogo. Pode ser o caso de ser necessário uma avaliação de outro profissional (psiquiatra, por exemplo). Mas tudo depende da história da pessoa. Então inicialmente recomendo que procure um psicólogo.

A psicologia abre um leque muito grande de abordagens. Evidentemente não pretendo aqui traçar observações a respeito de cada uma delas, mas apenas algumas. E é óbvio que serão observações extremamente incompletas, se observar cada abordagem como um todo. Longe da pretensão de querer abranger (em poucas linhas) todo o potencial de qualquer abordagem. Mas me comprometo a deixar aqui algumas informações a respeito de algumas.

Eu considero interessante quatro abordagens, que são: Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), Humanista Existencial, Sistêmica e Psicanálise.

Em todas as abordagens é possível tratar praticamente todos os problemas e comorbidades. Porém algumas são mais eficazes do que outras e, aliado a isto, existe a afinidade da pessoa que se submete a terapia.

Nos casos de surtos pontuais (que acontecem apenas mediante um evento específico). Exemplo: A pessoa perde um emprego e isto gera um surto de ansiedade. Passa a sentir-se mal por causa da ansiedade que gerou. Todas as abordagens irão tratar este problema e em todas há uma enorme chance de sucesso no tratamento. Mas a TCC se destaca por resolver este tipo de problema de forma rápida e precisa. A TCC trabalha com técnicas que o paciente aprende e pode praticar depois, quando perceber que a situação está prestes a se repetir. Então esta abordagem se prima por fazer, em determinadas circunstâncias, do paciente o próprio terapeuta.

A abordagem Humanista Existencial o foco é a pessoa. É conhecida também como Abordagem Centrada na Pessoa. O foco é o próprio indivíduo e o presente. Casos de luto tem um tratamento muito eficaz através da Humanista Existencial. O passado faz parte de nossa história, mas não é relevante para nosso presente e futuro, assim enxerga esta abordagem. Mas muito mais do que casos de luto, esta abordagem enxerga no próprio indivíduo a sua principal importância para viver e lutar por algo melhor. Foca também em sua melhoria íntima, como ser humano.

Já a Psicanálise tem um enfoque um pouco mais completo, pois enxerga o sujeito como um todo, além de considerar sua parte inconsciente. Com isto consegue compreender pontos e situações que outras abordagens têm dificuldades. A psicanálise (e aparentemente apenas a psicanálise) consegue compreender o surto psicótico e a própria psicose (juntamente com todas suas nuances).

A Sistêmica trata cada ser como parte integrante de um sistema. Outras partes são meus antecedentes (pais, avós, etc) e outras partes são meus descendentes (filhos, netos, etc). As questões familiares são o principal enfoque da Sistêmica.

Todas as abordagens sofrem críticas pelos seus antagonistas. A principal crítica que se faz com a TCC é por causa do seu “engessamento” no diagnóstico e tratamento. A Humanista é criticada por ser muito positiva e, com isto, acabar por não ver o lado negativo. A Psicanálise é criticada porque seus profissionais, em muitas situações, ficam com “cara de paisagem” apenas observando enquanto o paciente faz longos e extensos relatos. Algumas vezes sem nenhuma interação por parte do terapeuta. A Sistêmica costuma ser criticada por haver alguns profissionais vinculando a ela algumas práticas não reconhecidas cientificamente, o que causa muita polêmica. Não que estas práticas não sejam positivas (e terapêuticas), mas são alvo de críticas e questionamentos.

Necessário esclarecer que a psicanálise pode ser exercida por qualquer pessoa, não havendo nenhum órgão que a regulamente. Portanto é possível encontrar cursos de psicanálise com um ou dois anos de duração. Mas o processo de formação de um psicanalista é muito mais do que isto. Para se “formar” psicanalista, inicialmente a pessoa precisa passar por análise (e isto são anos a fio). Quando ela tem alta desta análise (que significa ter resolvido a maioria de seus dilemas íntimos) passa a frequentar grupos de estudo de psicanálise, são vários anos até estar minimamente pronto para começar a atender. E este começo é sempre com mediado com pessoas mais experientes.

Eu tenho um interesse pessoal pela psicanálise, mas gosto de aliar a psicologia. Na psicologia existe todo um aprendizado no acolhimento e empatia. Na psicanálise também existe isto, mas com a psicologia é possível treinar estas questões de forma isolada. É um ganho a mais.

Obviamente a TCC vai muito (mas muito mesmo) além do que tracei aqui, assim como a Humanista Existencial, a Psicanálise e a Sistêmica.

Inicialmente fica confuso tomar uma decisão de qual profissional escolher, mas saiba que todas as abordagens tratam com eficácia da maioria dos problemas.

Não mencionei nem 10% das abordagens existentes dentro da psicologia. É comum não se sentir confortável com esta ou aquela abordagem, cada um tem uma afinidade. As vezes o que nos é confortável, pode não ser para o outro. Então, em meio a tudo isto, escolha uma delas e faça o seu “test drive”. Se não gostar, ninguém irá obrigá-lo a continuar. Escolha seu terapeuta, aperte os cintos e curta a viagem para dentro de si mesmo.

Autoconhecimento

Alguém já se propôs, verdadeiramente, a conhecer profundamente a si mesmo?

Quem nunca se aventurou nisto, fica imaginando que é algo bem gostoso de ser feito, que vamos sair com o astral nas alturas e que tudo será muito melhor a cada descoberta de si mesmo.

Sinto muito, acho que vou decepcionar quem pensa assim.

O autoconhecimento mostra quem, de fato, nós somos. E nesta busca veremos que somos corruptos, autoritários, pirracentos, etc. Estou abreviando aqui para não entrar em adjetivos bem piores.

E não tem nada de agradável enxergar tudo isto a nosso respeito e não poder nem discordar, porque estaríamos tentando discordar (ou debater) conosco mesmos.

O autoconhecimento que tenho costume de procurar me mostra uma versão de mim mesmo que chega a ser vergonhosa. Em várias situações eu sou compelido (por mim mesmo e minha consciência) a procurar antigos desafetos para pedir desculpas por algumas coisas que fiz. Em outras ocasiões procuro pessoas de quem gosto, mas que não me comportei muito bem numa ou noutra questão (ou momento).

E nesta visão de mim mesmo, em algumas ocasiões, cheguei a sentir náuseas por imaginar a dor que causei no outro (sem perceber, achando a coisa mais natural do mundo).

Tenho aprendido muito e neste aprendizado venho buscando conhecer um pouco mais de mim mesmo e compreendendo mais o outro. Tenho me colocado mais no lugar do outro antes de agir.

Não se trata de autopromoção. É simplesmente reconhecer um caminho percorrido e com o olhar no longo caminho que ainda tenho a percorrer. Longe da perfeição, muito pelo contrário, agora reconhecendo meus defeitos.

Este processo é sempre doloroso. Não é um caminho florido e tranquilo. Na verdade é um caminho árduo de ser trilhado, com quedas a todo momento e sempre se vendo como responsável de toda dificuldade que passamos.

Mas tem a parte boa (ainda bem). Coisas ruins ficam sem sentido. Passamos a não valorizar algumas coisas que são prejudiciais. Com isto passamos a não ter problemas com os outros e passamos a pensar antes de agir, evitando as atitudes tomadas por impulso.

Chega ao ponto de se reconhecer nas atitudes dos outros que ainda não percorreram este caminho e aí sempre vem o pensamento: Eu era assim…

Mas não se trata de julgamento, mas de compreensão do momento do outro.

Quem ainda não iniciou o processo eu digo que quando iniciado é um caminho sem volta, porque se descobrir é algo encantador. Sofremos por nos ver como pessoas defeituosas, mas vibramos de alegria quando vencemos a nós mesmos. A estes, fica meu convite para iniciar o processo o quanto antes. Como? Terapia é uma das possibilidades disto.

Quem já iniciou eu desejo força. Sei que não vai desistir, mas não se demore em julgamentos de si mesmo. Agimos da melhor forma com aquilo que possuíamos no momento. Demos o nosso melhor. O importante é de agora pra frente.

Todo Excesso Esconde Uma Falta

Não sei o autor desta frase (só pra saber que não é de minha autoria, alguns atribuem a Lacan e outros a Freud), mas representa algo imenso que devemos (no mínimo) pensar a respeito.

Todas as vezes que minhas necessidades não são atendidas, eu me comporto com excessos em algum setor.

Quando não nos sentimos completos, principalmente em termos de afeto, esta “incompletude” se manifesta na forma de um sintoma.

Quando o sintoma aparece, ele sempre tem um nome (dor de cabeça, gastrite, queimação no estômago, falta de ar, etc) e para estes nomes sempre existem remédios que “resolvem”.

Vamos entender este mecanismo com uma comparação simples. Estamos no nosso carro e acende a luz que indica que o óleo está num nível baixo. Então, traduzindo, a causa é o baixo nível de óleo no motor, o sintoma é a luz acendendo no painel. Neste momento, o motorista vai procurar resolver o problema. Então ele desliga a luz do painel. Pronto, o problema de nível baixo de óleo foi resolvido. Pelo menos a primeira vista, sim, foi resolvido. Mas somente o sintoma. A causa ainda está lá e, mais tarde, vai se manifestar de outra forma (super aquecimento do motor, comprometimento de peças, etc). Tudo isto porque não resolvemos a causa.

Causa não resolvida, manifesta-se novamente em outro setor, de uma outra forma e (normalmente) mais gravemente.

Isto vale perfeitamente para nossa vida.

Ao sentir uma dor de cabeça é comum a pessoa tomar um analgésico. Pronto, a dor de cabeça passou. Mas qual foi a causa? A dor de cabeça é apenas um sintoma. Aconteceu para mostrar algo que está errado. É a luz no painel no carro.

Qual meu comportamento excessivo que está acontecendo na minha vida (é uma boa dica para descobrir a causa). Com alguns exames e sem medo do que iremos descobrir, não é tão difícil chegar até a causa. Normalmente não é uma causa orgânica, mas psicológica.

Existem casos em que os sintomas foram ignorados por tanto tempo, que originaram doenças. Estas precisam de tratamento e acompanhamento médico, mas sem dispensar o tratamento e acompanhamento psicológico.

Vamos passar a nos observar mais. Dar uma chance ao autoconhecimento, enxergar o que nós somos de verdade e procurar auxílio para resolvermos nossos problemas íntimos. Isto é procurar a causa dos problemas e não apenas os sintomas.