Autoconhecimento

Alguém já se propôs, verdadeiramente, a conhecer profundamente a si mesmo?

Quem nunca se aventurou nisto, fica imaginando que é algo bem gostoso de ser feito, que vamos sair com o astral nas alturas e que tudo será muito melhor a cada descoberta de si mesmo.

Sinto muito, acho que vou decepcionar quem pensa assim.

O autoconhecimento mostra quem, de fato, nós somos. E nesta busca veremos que somos corruptos, autoritários, pirracentos, etc. Estou abreviando aqui para não entrar em adjetivos bem piores.

E não tem nada de agradável enxergar tudo isto a nosso respeito e não poder nem discordar, porque estaríamos tentando discordar (ou debater) conosco mesmos.

O autoconhecimento que tenho costume de procurar me mostra uma versão de mim mesmo que chega a ser vergonhosa. Em várias situações eu sou compelido (por mim mesmo e minha consciência) a procurar antigos desafetos para pedir desculpas por algumas coisas que fiz. Em outras ocasiões procuro pessoas de quem gosto, mas que não me comportei muito bem numa ou noutra questão (ou momento).

E nesta visão de mim mesmo, em algumas ocasiões, cheguei a sentir náuseas por imaginar a dor que causei no outro (sem perceber, achando a coisa mais natural do mundo).

Tenho aprendido muito e neste aprendizado venho buscando conhecer um pouco mais de mim mesmo e compreendendo mais o outro. Tenho me colocado mais no lugar do outro antes de agir.

Não se trata de autopromoção. É simplesmente reconhecer um caminho percorrido e com o olhar no longo caminho que ainda tenho a percorrer. Longe da perfeição, muito pelo contrário, agora reconhecendo meus defeitos.

Este processo é sempre doloroso. Não é um caminho florido e tranquilo. Na verdade é um caminho árduo de ser trilhado, com quedas a todo momento e sempre se vendo como responsável de toda dificuldade que passamos.

Mas tem a parte boa (ainda bem). Coisas ruins ficam sem sentido. Passamos a não valorizar algumas coisas que são prejudiciais. Com isto passamos a não ter problemas com os outros e passamos a pensar antes de agir, evitando as atitudes tomadas por impulso.

Chega ao ponto de se reconhecer nas atitudes dos outros que ainda não percorreram este caminho e aí sempre vem o pensamento: Eu era assim…

Mas não se trata de julgamento, mas de compreensão do momento do outro.

Quem ainda não iniciou o processo eu digo que quando iniciado é um caminho sem volta, porque se descobrir é algo encantador. Sofremos por nos ver como pessoas defeituosas, mas vibramos de alegria quando vencemos a nós mesmos. A estes, fica meu convite para iniciar o processo o quanto antes. Como? Terapia é uma das possibilidades disto.

Quem já iniciou eu desejo força. Sei que não vai desistir, mas não se demore em julgamentos de si mesmo. Agimos da melhor forma com aquilo que possuíamos no momento. Demos o nosso melhor. O importante é de agora pra frente.