Depressão e Apoio Familiar

Lidar com a depressão não é uma tarefa muito fácil, quem passa por este problema sabe muito bem como é isto.

Mas existem coisas que devemos conhecer para lidar com alguém que esteja com depressão. Podemos, através da fala, amenizar ou agravar os sintomas.

É importante saber disto pois certamente iremos nos deparar com alguém que esteja passando por este problema.

A depressão é uma doença. Está devidamente catalogada no CID (Código Internacional de Doenças). Então se a OMS (Organização Mundial de Saúde) considera a depressão como doença, que direito nós (sem conhecimento de causa) temos de dizer o contrário?

Para quem quiser certificar, basta observar o código F32 do CID (está disponível no site http://www2.datasus.gov.br/cid10/V2008/cid10.htm). Trata exclusivamente da depressão e seus graus.

Esta doença é séria e incapacitante. Então se você está lidando com alguém que passa por este transtorno, tenha isto em mente.

Dependendo do tempo de exposição a doença é necessário entrar com medicamentos, que visam normalizar ou dar algum conforto para quem passa por isto.

Mas somente o medicamento não resolve a depressão, visto que sua causa foi psíquica. Então é fundamental fazer terapia. O remédio traz alívio, mas não cura. A cura acontece numa atuação conjunta entre o psiquiatra e o psicólogo. Em alguns casos é necessário o apoio de um Terapeuta Ocupacional e nutricionista.

Não é “frescura”. A pessoa que se mostra depressiva não está apenas querendo chamar atenção e inventando os sintomas. Falar isto, principalmente com quem sofre, é uma maneira de agravar o mal que a pessoa sente, pois ela se sentirá culpada por não conseguir sair do processo em que se encontra.

Não é falta de Deus ou de religião. A depressão acontece por inúmeros fatores, inclusive em religiosos (padres, pastores, líderes religiosos, etc). Falar isto com quem sofre também agrava seus sintomas e até dificulta o tratamento.

Não é sinal de fraqueza. Ninguém está imune a uma crise depressiva, já que o início de tudo acontece na mente, qualquer um está sujeito a passar por isto.

Não é falta de vontade de sair desta situação. Pergunte a qualquer pessoa que tenha depressão se ela quer deixar de ter e vai ouvir um sonoro “SIM”. A pessoa está em sofrimento, portanto, é óbvio que quer parar de sofrer.

Não é falta de esforço para sair desta situação. A pessoa simplesmente não consegue por estar envolvida neste problema.

O que podemos fazer, para lidar com alguém passando por este problema é:

Procure manter a calma. É um momento difícil e muito confuso (principalmente para quem sofre). Desesperar-se não vai ajudar em absolutamente nada.

Não se coloque como referência de comportamento. Não descreva algo que aconteceu e que você lidou muito bem (ou nem lhe afetou) na esperança disto servir como exemplo. Não vai funcionar e só vai distanciar ainda mais. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra, cada um responde de forma única aos sofrimentos.

O diálogo é muito importante, portanto, é bom estar atento para não somente falar, ouça também. Aliás, o ouvir é bem mais importante. Preste atenção no que a pessoa está dizendo e responda dentro do contexto proposto. Isto é um diálogo.

Um bom caminho é encorajar a pessoa pensar em si própria e no seu futuro, seus objetivos e seus desejos. Normalmente produz a vontade de chegar até isto.

Não tenha pressa e não mostre que está impaciente. Esteja presente neste momento, isto é bem mais importante do que qualquer compromisso.

Não negue ou minimize o problema. O sofrimento existe e só quem sabe a intensidade é quem está vivendo o problema. É bom lembrar que a cada pessoa tem uma sensibilidade para a dor (a mesma dor em duas pessoas produzem sensações e intensidades diferentes). Respeite a dor do outro. Este não é o momento apropriado para sermões e brigas. Se não tem o que dizer, simplesmente fique em silêncio, mas permaneça com a pessoa (isto é parte do acolhimento).

Muitas vezes quem passa por um quadro depressivo é muito difícil procurar ajuda, por isto muito não procuram. Ajude a pessoa a procurar ajuda, marque compromissos neste sentido e acompanhe a pessoa até onde for necessário para que a ajuda aconteça. Isto é dividir os problemas. Com certeza a pessoa se sentirá acolhida neste momento.

Por fim, o momento é de ajuda ao outro (que passa pela depressão), portanto, silencie seus problemas. Evite fazer reclamações e tente manter um diálogo positivo. Isto torna a relação e o encontro leves. É uma das coisas que o depressivo precisa.

Lembre-se que ninguém é capaz de afirmar que nunca irá sofrer com depressão. Então amanhã pode ser qualquer um de nós e aí nós é quem vamos precisar destes cuidados vindos de outra pessoa.

Terapia é Muito Caro!

Há quem pense assim. Mas vou propor outra linha de pensamento.

Pode ser que esteja fora do meu orçamento, mas caro? Acredito que não!

Penso que caro mesmo é sustentar um vício (já fizeram as contas?). Outra coisa cara é remédio psiquiátrico (sem contar com a degradação da saúde mental). Mais uma coisa muito cara é o relacionamento estragado por coisas que são perfeitamente contornáveis e controláveis por quem está com a terapia em dia. Caro também é o tempo perdido com inúmeras coisas que nem precisavam de nossa atenção.

O psicólogo é um profissional que te escuta, sem te julgar e no mais absoluto sigilo. Além de te ajudar a encontrar o caminho do equilíbrio.

Então, terapia não é caro.

Existem profissionais que tem mais experiência e profissionais que tem menos experiência. E aí existem diferenças de preço.

Vai encontrar psicólogo que cobra R$20,00 por sessão e vai encontrar psicólogo que cobra R$500,00 por sessão. Qual deles é o indicado? Não sei indicar pelo preço da sessão. Mas sempre desconfio de extremos. No extremo inferior o profissional normalmente é sobrecarregado. Há uma chance de não haver uma dedicação tão boa. No extremo superior o profissional pode ter um público alvo específico. Mas em ambos os casos podem haver excelentes profissionais.

O CRP/MG (Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais) sugere o preço de R$240,00 por sessão. Então valores que estão próximos desta sugestão eu considero justo.

Se você não tem recursos fincanceiros para valores próximos destes, existem opções de baixo custo (e até gratuitas). As universidades normalmente possuem uma clínica que atendem nestas condições. Apesar do atendimento ser feito por estagiários a qualidade é satisfatória. O único problema é a troca constante de terapeuta (o terapeuta que te atende num semestre dificilmente será outro que te atenderá no outro semestre).

Antes de dizer que terapia é caro, pergunte-se quanto custa passar por um transtorno de ansiedade ou depressão, ou quanto custa ter um comportamento agressivo a ponto de afastar todos de você, ou mesmo quanto custo ser obrigado a usar remédios psiquiátricos para manter sua saúde mental (deteriorada) em um pálido equilíbrio.

Tenho certeza que o custo é bem maior!

Faça terapia!